Fotografia de Moda.


Olá pessoal, tudo bem com vocês?

Uma imagem diz mais que mil palavras é uma frase que provavelmente a maior parte das pessoas que usa internet e celulares conhece e sabe o que quer dizer.

Vivemos na era digital e nunca o apelo imagético foi tão forte quanto o da nossa era. A maior parte, se não todos os estabelecimentos comerciais já possuem sua página no Facebook e perfil no Instagram, isso porque para atingir a grande massa hoje não é mais necessário impressão de panfletos e carros de som (salvo o carro do ovo!) para divulgação dos seus produtos e serviços. Apenas seus perfis bem estruturados nas redes sociais é o suficiente para alcançar o público. 

Na indústria da moda não é diferente, na verdade ela foi a primeira e mais afetada de todas com essas transformações. 
Já que esse processo de divulgação parece mais simples onde que tudo cabe dentro de uma telefone celular, a quantidade de serviços cresce todos os dias de forma astronômica.  
Entretanto a maior parte dessas marcas, pequenas e grandes não atinge grande êxito porque muitas vezes a divulgação da marca não é aquela mais assertiva. Isso porque a imagem de divulgação muitas vezes não foi feita de maneira “correta”. Não que exista um certo e um errado mas é preciso conhecer o público e saber qual tipo de imagem atrai esse público. É aí que entra o papel do fotógrafo. Claro que ele não está sozinho, dentro de um editorial de revista por exemplo, existe uma equipe composta por stylist, diretor de fotografia, entre outras pessoas. Mas a questão aqui é que apertar o dedo na câmera não é uma tarefa assim tão simples quando o objetivo é uma imagem que realmente cause impacto.
 
Desde a pré-história o homem tem a necessidade de registrar imagens do seu cotidiano. Nas cavernas, com pinturas rupestres, os primeiros registros dos hábitos e costumes eram feitos.
Ao longo dos séculos, com a evolução da escrita, outras formas de registros foram descobertas; as pinturas tornaram-se cada vez mais populares.
Mas uma pintura, retrato ou registros demoravam meses, até anos para ficarem prontos. Em alguns casos, membros das famílias morriam antes do quadro ser concluído e o corpo só era enterrado depois que a pintura era finalizada.

Com isso houve a necessidade de que os registros fossem feitos de maneira mais rápida.
A fotografia é considerada uma das maiores invenções do século XIX e foi criada por Joseph Nicephore Niépce. Em 1816 Niépce começou a tentar "fixar" a imagem produzida por uma câmera obscura, que projetava uma cena em uma superfície usando os princípios da câmera pinhole, as vezes com espelhor e lentes.  Fez diversas experiênicias com materiais diferentes até conseguir reproduzir uma imagem da vista de uma janela, mas a imagem desapareceu quando foi exposta à luz do dia.



Depois de muitos testes e experiências, ele produziu uma imagem da vista de sua janela, exposta durante oito horas, gravada em uma placa de estanho, hoje considerada a primeira fotografia de verdade do mundo.
Em 1909 a Vogue francesa usa imagem reticulada para publicar suas primeiras reportagens de moda. Fotos do barão de Adolphe de Meyer mostram modelos em poses e situações naturais, artísticas e equilibradas.
Em 1918 Edward Steichen - formado em artes - destrói simbolicamente todas as suas pinturas e começa a fazer fotos de moda para a Vogue.
Na década de 1940 as revistas de moda mais importantes eram a Vogue e a Harper's Bazar. Nelas, era possível ver as grandes musas do cinema serem fotografadas pelos mais novos fotógrafos da época.
Com o avanço da tecnologia, além do equipamento fotográfico ganhar modelos mais modernos e com menos chance de erros, os profissionais começaram a se especializar criando novas profissões e dando ao universo da moda novas opções de mostrar seus produtos.
Atualmente editoriais de moda são fundamentais para divulgação da marca, seja ela por uma revista, site ou redes sociais.
Apesar disso, ainda se fala sobre a fotografia de moda numa ótica especializada e técnica.
Existem imagens históricas que foram usadas em campanhas publicitárias de moda para essas revistas e que foram imortalizadas por terem atingido além da qualidade, um nível de obra de arte.
Vejamos alguns exemplos:





Uma imagem bastante conhecida foi essa foto tirada para a revista Vogue Britain, onde o resultado foi tão satisfatório que posteriormente David Bowie a usaria na capa do seu 7º álbum nomeado Pin ups. O álbum entrou para os charts britânicos em novembro de 1973 e lá ficou por vinte e uma semanas chegando ao nº1. 






A modelo Twiggy se tornou modelo aos 15 anos, na Inglaterra, foi levada por seu agente Justin de Villeneuve, que a levou para os Estados Unidos onde ela atingiria o auge de sua carreira. Twiggy é considerada uma das primeiras grandes modelos e causou certo estranhamento por algumas pessoas por ser muito magra, que não era o padrão de beleza das modelos da época. 

As fotos abaixo são fotos feitas pelo fotografo Richard Avedon.


A modelo Dovima foi fotografada no meio de dois elefantes, por Richard Avedon para uma campanha da Dior em Agosto de 1955.
A modelo apareceu muitas outras vezes na revista. mas essa foto é considerada um marco na fotografia de moda.


A modelo Veruschka Von Lehndorff foi fotografada por Avedon em poses consideradas bastante incomuns na época.



A atriz Elisabeth Taylor dispensa apresentações. Considerada uma das atrizes mais bonitas do cinema de todos os tempos, protagonizou filmes como Cleópatra, Ivanhoé e Quo Vadis. Pela imensa beleza participou de muitos editoriais sendo considerada ícone da moda da época.
 
A foto abaixo foi feita pelo fotógrafo Helmut Newton.



A foto abaixo foi feita pelo fotógrafo David Bailey.



As fotos abaixo foram feitas pelo fotografo Cecil Beaton.






Um dos fotógrafos vivos mais conhecidos da atualidade é Mario Testino. Ele fotografou celebridades como a princesa Diana, Lady Gaga.



Espero que tenham gostado e até a próxima!

Pudor e Moda

Iaí minha gente! Tudo bem com vocês?  

Hoje falaremos sobre um assunto muito importante e que vai além das questõs da Moda, que é o pudor.

Entre nós, na atualidade, o sexo feminino é muito mais adornado do que o masculino. Entre os povos não ocidentais como americanos, africanos orientais, no geral é o oposto. 



A imagem acima foi criada por inteligência artificial baseada em informações da cultura asteca. É possível perceber que a roupa dos homens tem mais enfeites, isso porque nessas culturas a figura masculina deve se enfeitar mais para impressionar suas possíveis companheiras.

Na classe dos animais, muitas espécies tem os machos com penas, pelos mais enfeitados do que as fêmeas o que normalmente serve para exibição na hora do acasalamento.





O pudor, por outro lado é visto com mais frequência entre as mulheres, e está provavelmente ligado, em bom número de casos, com vários tabus que afetam o sexo feminino em várias épocas (o parto, a menstruação). Esta diferença é capaz de afetar a relativa quantidade de roupas usadas pelos dois sexos. Onde o motivo de enfeite predomina, os homens são, como regra, mais amplamente vestidos; onde o pudor desempenha maior papel, usam mais roupas do que os homens.

Ao entrar numa igreja (cristã- onde o pudor é mais predominante) o homem deve remover o chapéu, enquanto a mulher deve conserva-lo ou pelo menos cobrir a cabeça mesmo que seja com um lenço ou um xale. Supõe-se que o excesso de roupas seja um desrespeito no homem, mas a nudez é desrespeito da mulher. A razão psicológica desta distinção é que provavelmente a transferência do exibicionismo do corpo para as roupas foi mais além no homem que na mulher. Em virtude desta transferência, o uso do chapéu seria considerado como uma orgulhosa peça de exibição, por parte do homem - exibição que contraria os elementos da humildade religiosa; enquanto que com a mulher, o correspondente sinal de desrespeito seria a exposição da cabeça descoberta; supõe-se que algo que cubra a cabeça cumpra as finalidades de pudor mais do que as de ornamentação. 

Entretanto em civilizações consideradas mais adiantadas, as mulheres há muito estabeleceram um direito de igualdade com os homens no que se refere ao enfeite.
Os psicólogos concordam que entre entre as mais importantes destas diferenças está a tendência da libido sexual a ser mais difusa na mulher do que nos homens, sendo que nas mulheres todo o corpo e sexualizado enquanto nos homens a libido é mais concentrada na zona genital; sugestiva ou objetivamente falando, isso é verdade, tanto aos mostrar o corpo como a evitá-lo. Assim a exposição de qualquer parte do corpo feminino funciona mais eroticamente do que a exposição da parte correspondente do homem, salvo unicamente no caso das genitais em si. Diante disso, não é surpreendente que as mulheres sejam ao mesmo tempo o sexo mais pudico e o mais exibicionista, já que tanto sua vergonha como sua atração se relacionam com todo o corpo.

A libido masculina, mais definitivamente concentrada no falo, pode mais facilmente encontrar, em vários ornamentos e trajes, um substituto simbólico para este órgão único; é mais difícil simbolizar, de modo semelhante , o corpo todo; ainda que esteja completamente coberto, deve restar alguma consciência de carne real sob as vestes.

No período do Renascimento europeu o homens usavam por cima das calças um adereço chamado codpiece, que servia para cobrir a região do falo, embora, muitas vezes fosse usado para dar ênfase à região e aparentar virilidade daquele que o usava.



Renato Sigurtá em seu texto "Delineamentos psicológicos da Moda Masculina" nos diz sobre p problema da diferença s entre os sexos pode-se dizer que, enquanto para a mulher a linguagem da roupa sempre foi uma alternativa de exibicionismo e pudor, o masculino foi sempre acima de tudo o simbólico. Isto parece dever-se ao fato que todo corpo feminino é vivido como apelo sexual enquanto para o macho há uma concentração desse apelo sexual no órgão genital. Enquanto a mulher portanto "diz sexo" toda ela, o macho, na impossibilidade de de recorrer à exibição específica, porque é exatamente demasiado "direta" se refugia ao símbolo.  

O que podemos aferir sobre o texto é que o pudor é mais severo e conservador sob o corpo das mulheres e mais flexível quando um homem se coloca na condição de "objeto " de desejo, mas o mais importante é que a mulher tem todo o corpo considerado desejável enquanto o homem, apenas a região fálica. Apesar disso, podemos perceber um movimento contemporâneo onde os homens tem exibido mais os corpos e se sentido mais figuras a serem desejadas. Esse movimento é reflexo, possivelmente, das lutas feministas e das conquistas das mulheres, visto que o movimento exige que amos tenhas os mesmos direitos.

Como disse Marcia Tiburi "O feminismo nos ajuda a melhorar o modo como vemos o outro. O direito de ser quem se é, de expressar livremente a forma de estar e de aparecer, sobretudo, de se autocompreender é ao que o feminismo no leva.

Espero que tenham gostado e até a próxima



BIBLIOGRAFIA:

FLÜGEL, J.C. - A psicologia das roupas. Tradução Antônio Ennes Cardoso. São Paulo: Editora Mestre JOU, 1966

SUIGURTÁ, Renato -  Psicologia do vestir. Tradução José Colaço. Assírio e Alvim, 3º edição 1989

TIBURI, Marcia - Feminismo em comum para todas, todes e todos. Rio de Janeiro, Rosa dos tempos, 2018.     7º edição.